Ajuda para ditar o trabalho, auxílio dos colegas para fazer na hora prova, dedicação dos professores, além de todo o suporte de familiares e amigos.
A graduação em Direito de Matheus Crispim Remigio é resultado da união de pessoas que, assim como ele, acreditam que a deficiência visual não pode impedir a realização de sonhos. Depois de cinco anos de estudo e muita superação, na última sexta-feira (12), ele defendeu seu trabalho de conclusão de curso e recebeu nota máxima.
“Foram peças especiais, são pessoas que eu vou levar para minha vida inteira. Me ajudaram durante todo meu curso, nos momentos bons e ruins. Superei tudo com a condição que o Unifip me proporcionou, foi um tempo espetacular, aprendi muito. Meu pai me ajudou muito no processo de construção sobre acessibilidade. Meu próximo passo será o exame da OAB”, finaliza Matheus.
A coordenadora do curso de Direito, Danielle Marinho, fala da força de vontade e empenho que nunca faltou, “O aluno mais dedicado que eu enquanto professora já tive, nunca faltou uma aula se quer. Sempre muito estudioso e respeitoso com todos. Durante cinco anos nunca ouvi Matheus reclamar de nada, todo obstaculo que encontrávamos ele conseguia fazer daquilo um degrau”.
Para coroar essa graduação que só orgulha o Unifip e toda a comunidade acadêmica, Matheus fez um trabalho de conclusão, em que ele demostrou a dificuldade que um deficiente visual tem apara acessar o processo judicial eletrônico. Conseguindo fazer um conteúdo que tocasse a realidade de uma maneira profunda, demonstrando como os tribunais precisam incluir advogados com deficiência visual, trazendo também um quantitativo de mais de dois mil advogados que necessitam dessa acessibilidade.
“Matheus aqui no Unifip só tinha hora pra chegar, não queria retornar, porque tornou se um ambiente totalmente inclusivo. Ele que escolheu o tema do trabalho, e é exatamente o que irá vivenciar daqui pra frente, vai se submeter ao exame da OAB, e essa inviabilidade, onde uma tecnologia que deveria ser acessível e assistiva, torna infelizmente o processo de inclusão um entrave”, ressalta o professor, pai e orientador de Matheus, Segundo Remígio.
Essa é uma vitória coletiva, a instituição junto aos professores e colaboradores são capacitados no que diz respeito a acessibilidade, mas quando nos deparamos com um aluno tão especial, nós aprendemos junto com ele de como fazer, então Matheus muito nos ensinou. Por nós foi passado para ele o conteúdo jurídico, mas para nós, ele passou o conteúdo humano, só temos que agradecer.
Contudo, a apresentação de Matheus marca também a volta presencial das defesas de trabalhos de conclusão de curso.
